Nos últimos dias tivemos notícias de várias ocupações de escolas e institutos federais por alunos insatisfeitos com a provável aprovação da PEC 241, que institui um limite de gastos para o Governo. Na última sexta, tivemos a oportunidade de visitar o Instituto Federal Goiano – IFG, na companhia de um professor de Economia que fora convidado por alunos dos cursos de engenharia para fazer uma palestra/debate sobre a tal PEC 241. Acontece que os alunos que ali estavam impediram a nossa entrada e sequer tiveram curiosidade de saber nossa posição sobre o tema e de apresentarem os motivos pelos quais eles são contra o limite de gastos do Governo.
Na verdade, embora a PEC 241 não seja perfeita e nem resolva de vez o problema da enorme dívida pública acumulada nos últimos 12 anos, ela consiste em uma medida salutar e em um primeiro passo no sentido de se colocar a casa em ordem. Se uma família não pode gastar mais do que ganha, porque o Governo pode fazer isso? O Brasil já possui uma dívida pública bruta de quase três trilhões de reais, equivalente a 65, 51% do nosso PIB. Se nada for feito, já em 2018, essa dívida vai chegar a 80% do PIB. Levando em consideração outros fatores, como os juros altíssimos, a falta de investimentos em infraestrutura, a corrupção endêmica e a fragilidade do Brasil perante o cenário mundial, já em 2017 poderemos ter um cenário próximo do caos, com a paralisação de serviços públicos essenciais e a quebradeira generalizada do País, com a consequente fuga de capitais, aumento do desemprego e do endividamento das famílias.
Sobre as ocupações nas escolas e institutos, o que temos visto é a ação quase que infantilizada de grupos de esquerda, insatisfeitos com a queda do governo Dilma e que estão usando alunos e líderes estudantis como massa de manobra para buscar uma espécie de legitimidade para continuarem questionando o atual governo. Infelizmente, somos obrigados a informar que essas ocupações não vão dar em nada, o Congresso vai continuar trabalhando para a aprovação da referida PEC e teremos 20 anos de um controle mínimo sobre os gastos públicos. Já é algum começo.
É lamentável que estudantes estejam sendo usados dessa forma e que a sociedade ainda tenha que lidar com esse tipo de desonestidade ideológica, pois uma boa parte dos que são contrários ao controle de gastos do governo e que estão fomentando essas invasões, têm se mostrado sem qualquer argumento minimamente lógico para explicarem o porquê de serem contra a medida. Apenas agem de forma agressiva, impedem a entrada de quem não faz parte do grupo e se acham os paladinos da bondade e de todas as virtudes da humanidade. Mal sabem eles que estão lutando justamente contra as pessoas mais pobres, pois estas serão as primeiras a sofrerem os danos, caso não haja nenhum controle aos gastos do Leviatã.
Por Giuliano F. Miotto, advogado e presidente do Instituto Liberdade e Justiça