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Na CMC, artesãos pedem manutenção do funcionamento da Feira do Largo da Ordem

Em audiência pública nesta segunda-feira (19), os feirantes apontaram dificuldades financeiras com o fechamento da feira em função da pandemia da covid-19.

O ano de 2020 teve 52 domingos, mas em apenas 23 deles os artesãos e artesãs da Feira do Largo da Ordem puderam trabalhar, vender seus produtos e garantir a renda de suas famílias. Em razão da pandemia da covid-19, a feira ficou cinco meses suspensa no ano passado. Em 2021, até agora, somente funcionou em seis domingos. Para evitar com que eles acumulem mais prejuízos, segmento defendeu em audiência pública nesta segunda-feira (19), que a feira passe a funcionar independente das medidas restritivas que forem adotadas no município.

Coordenado pelo gabinete parlamentar do vereador Marcos Vieira (PDT) (407.00007.2021), o debate ocorreu de forma virtual, reunindo não só os representantes dos artesãos que trabalham na Feirinha do Largo, mas também da prefeitura, do Conselho Municipal de Cultura e do SEBRAE-PR. O pedido para que a feira não volte a ser suspensa, mesmo em caso da volta da bandeira vermelha, está em uma carta assinada pelo segmento que foi apresentada durante a audiência pública e que é  ao Poder Executivo e à Câmara Municipal de Curitiba (CMC).

O documento foi lido pela artesã Tiemi Takahashi, que trabalha no Largo da Ordem há 23 anos. Na carta, os artesãos afirmam que “pagam pelos que fazem aglomeração ou que podem trabalhar durante a semana”, já que o definido pela Prefeitura de Curitiba para o “lockdown” é o domingo – dia em que a feira é realizada há quase 50 anos. No formato original, a feira conta com 1.300 barracas, mas em decorrência da pandemia, quando é autorizada a funcionar, está reduzida a cerca de um terço do seu tamanho.

“Em 2020 a feira ficou suspensa por 5 meses. O retorno foi em regime de rodízio, com a alternância de sábados e domingos. Depois, passou a média de 450 barracas por domingo e o sábado também foi liberado, mas com pouca adesão”, relatou Takahashi. “Para o comércio em geral, supermercados e shoppings, [fechar] um dia a menos não pesa tanto como para nós, que temos o nosso dia oficial aos domingos. Os artesãos dependem exclusivamente da venda do seu trabalho para comprar insumos, pagar impostos, pagar aluguel, cobrir as despesas de seu negócio e de sua família. Muitos de nós artesãos, produzimos no decorrer da semana boa parte do que vendemos no final da semana”, continua o documento.

Artesã e feirante há 40 anos, Angela Coraiola defendeu que boa parte das pessoas que trabalham no local são mulheres, chefes de família, que não têm outra fonte de renda. “Negar nosso dia de domingo para nos manter é muito cruel. Precisamos de um olhar mais detalhista e humano. Temos uma profissão, temos um local para vender e um dia insubstituível, que é os domingos. A Feira do Largo é patrimônio imaterial de Curitiba. É nosso tesouro. Esse título foi conquistado ao longo de quase cinco décadas. Com o fechamento do Largo aos domingos estamos desempregados”, emendou.

Como argumento para a manutenção do funcionamento da feirinha, Odair Marlier, artesão há 37 anos, citou pesquisa desenvolvida por cientistas de universidades como USP, Unicamp, Fiocruz e UFRJ, “que aponta hospitais, unidades de saúde e mercados como super propagadores de coronavírus”. “O ponto mais surpreendente da pesquisa é que a feira livre da cidade [Maragogi/AL], que chegou a ser suspensa no começo da pandemia, não contribuiu para alastrar o vírus”, disse, se referindo ao município de onde os dados dos pesquisadores foram coletados. “Atualmente é melhor um passeio ao ar livre do que em local fechado. Portanto, nossa feirinha de domingo tem que ser protegida”, pediu.

Na carta, os artesãos e artesãs também pleiteiam um auxílio emergencial municipal como ajuda financeira para o pagamento de dívidas acumuladas e suprir a perda de renda em função da suspensão da feira aos domingos.

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