Em missão que visa estreitar laços com Goiás e acordos bilaterais econômicos no setor produtivo, uma delegação da província chinesa de Hebei visitou nosso estado nna semana passada. Em reunião na sede da Secretaria de Desenvolvimento (SED), o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, mostrou aos visitantes os números da agropecuária goiana e todas as possibilidades e perspectivas que o setor tem a oferecer.
Conforme explicou ele, o agro detém 60% do PIB de Goiás, totalizando, aproximadamente, R$ 100 bilhões. “Nosso estado é destaque em esmagamento de soja, processamento de tomate e em usinas de etanol e açúcar”, disse. Schreiner mostrou ainda que a produtividade goiana cresceu 500% a mais que a área plantada. “Isso aconteceu devido ao uso frequente de tecnologia de ponta nas lavouras, técnicas de plantio e assistência ao produtor”, explicou.
Mediando a reunião, o vice governador do Estado, José Eliton, ressaltou que, apesar de o Brasil ter vivenciado, nos últimos dois anos, grave período de recessão econômica, Goiás atravessou este período com índices acima da média nacional. “Agora, temos uma perspectiva de novos horizontes, mas, desde já, nosso estado vem traçando um bom caminho através da agropecuária”, sublinhou.
José Mário Schreiner, apesar dos números positivos que apresentou à comitiva chinesa, ressaltou aos visitantes que ainda há certas áreas que podem ser melhor aproveitadas. “Temos potencial – mas, para isso, precisamos de investimento – para logística, armazenagem, distribuição de energia elétrica, seguro rural, assistência técnica e pesquisas”, afirmou.
Há também a irrigação, que pode chegar a mais de 2 milhões de hectares com o investimento certo, além de uma estimativa de 5 a 7 milhões de hectares de Integração Lavoura-Pecuária, que é mais que o dobro da atual. O presidente da Faeg apontou também regiões do estado que não têm muita atividade agropecuária, mas que aspiram expectativas, como o Vale do Araguaia e a região Centro-Norte.
Crescimento chinês
Do outro lado da mesa, o vice governador da província chinesa, Shen Xiaoping, mostrou que Hebei abraça Pequim e, portanto, alimenta mais de 120 milhões de consumidores. Além disso, a província, segundo ele, tem grandes avanços industriais no agronegócio. Os visitantes apresentaram aos goianos a empresa Hopefull Grain & Oil, específica do ramo. Li Chengfeng, presidente da corporação, explicou que são liderem em industrialização da soja, com duas plantas que esmagam, aproximadamente, 3 milhões de toneladas da oleaginosa. “Uma terceira planta está em construção, com estimativa de esmagar 5 milhões de toneladas”, disse.
img 7237Vice governador do Estado, José Eliton, demonstrou interesse em estreitar relações bilaterais com chineses, sobretudo na produção de amido – Foto: Anne VilelaA entidade gostaria, ainda, de facilitar a logística no Brasil. Conforme apresentado por estudos chineses, nos Estados Unidos o preço do transporte dos produtos gira em torno de U$ 30, enquanto no Brasil é U$ 100. O mesmo vale para o tempo de embarque: por lá, são sete dias e aqui, 30. A ideia, segundo eles, é abaixar o custo dessa logística, já que a demanda pela soja está em grande crescimento. Até 2020, estimam eles, deve-se importar 90 milhões de toneladas da oleaginosa e metade disso, deve vir do Brasil.
Os chineses, no entanto, esclareceram que o plano de desenvolvimento não se limita apenas à soja. Wang Yufeng, presidente das Indústrias Yufeng, contou que processam mais de 2 milhões de toneladas de milho, a maioria tornando-se amido, glicose e, o principal, vitamina B12. Neste quesito, a empresa é líder do segmento há 10 anos consecutivos. “Investimos em alta tecnologia de produção e produtos de alta qualidade”, explicou.
Apertando as mãos
O vice governador de Goiás, por fim, afirmou que há interesse em fechar acordo com a província de Hebei, sobretudo na produção de amido, uma novidade para o estado. “Podemos até mesmo criar um parque industrial especializado”, disse. Eliton ainda falou sobre a política fiscal goiana, afirmando ser “mais arrojada que das outros federações brasileiras”. “Estamos de braços abertos para recebê-los”, finalizou.