A defesa de um trabalho de conclusão de curso (TCC) feita por um servidor da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) propõe uma reflexão sobre trabalho e visibilidade funcional. O jardineiro Luciano Magalhães Diniz, 44, procurou retratar o universo de 30 trabalhadoras de limpeza urbana e as experiências vividas nas ruas, na tentativa de diminuir o preconceito. Depois de trocar a enxada pela máquina fotográfica, ele se forma em jornalismo pela Faculdade Sul-Americana (Fasam) nesta terça-feira (27/08).
Dados apontam que, dos 9 mil servidores da Comurg, 3 mil são mulheres que, além dos afazeres domésticos, saem para limpar as ruas de Goiânia. Essas trabalhadoras percorrem em média 3 mil e 600 metros lineares por dia, com jornada de 44 horas semanais, empurrando um carrinho com capacidade para 150 litros e que pesa 22 quilos quando está vazio.
A pesquisa busca retratar a alma feminina, saber o que ela representa para sua família e para a sociedade em geral. Também mostra como elas sobrevivem com o salário que ganham em suas funções. “Ao passar por uma gari, poucos sabem que elas são vaidosas e também estão cheias de sonhos e realizações pessoais com uma história de alegria e muitas conquistas”, afirma.
Luciano tem a expectativa de que sua pesquisa mostre para a sociedade não só a importância do trabalho das garis, mas também que possa levar à reflexão quanto aos hábitos de discriminação e preconceito. Ele acredita que é uma oportunidade que pode levar a transformações, com humanização social, quebra de preconceitos e desmantelamento do machismo.
“Meu trabalho mostra um lado pouco conhecido dessas profissionais, contado por elas mesmas”, afirma Luciano. “Elas encaram esse trabalho com muita naturalidade, possuem vaidades por trás do uniforme e alcançam independência financeira ao longo da caminhada”, conclui.