O uso das modernas tecnologias para a produção de peixes de cultivo de maneira sustentável concentrou as atenções dos mais de 100 participantes do III Encontro Noruega-Brasil de Aquicultura, iniciativa da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) e Innovation Norway, com apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e Royal Norwegian Embassy, realizado hoje, em São Paulo.
“O mundo precisa de alimentos saudáveis e de qualidade, fornecidos pela piscicultura. Mas há uma preocupação crescente com os processos produtivos. E isso passa, decisivamente, pela sustentabilidade”, destaca Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR.
Medeiros também destacou os gargalos para o aumento da produção brasileira de peixes de cultivo: clareza na legislação ambiental (atribuição dos estados) e rapidez nas análises dos processos de outorga das águas da União (atribuição federal). “A piscicultura cresce ano após ano, porém o desenvolvimento poderia ser mais rápido se tivéssemos o arcabouço legal necessário”, disse o presidente executivo da Peixe BR para o secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Jr., presente ao Encontro.
Seif Jr., aliás, renovou o apoio do governo federal, particularmente da Secretaria de Aquicultura e Pesca, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP/MAPA), à piscicultura nacional. “Estamos num processo de reconstrução. A produção de peixes de cultivo tem um potencial imenso e trabalhamos na defesa e no fomento da atividade”, disse.
O embaixador da Noruega, Nils Gunneng, foi incisivo. Para ele, a sustentabilidade é o mais importante desafio da aquicultura mundial no momento. “E isso não tem prazo para terminar. A produção sustentável é um valor indiscutível da produção de alimentos. Além de ter qualidade e segurança é preciso contribuir para o futuro do planeta e atender à crescente demanda dos consumidores”, assinalou o dirigente.
O novo diretor da Innovation Norway América Latina, Håkon Ward, reforçou a questão ambiental e falou da trajetória da aquicultura da Noruega nos últimos 50 anos. “Nos tornamos líderes na produção global de salmão, temos hoje a mais moderna tecnologia para a atividade e é nosso desejo abrir frentes de parceria com outros países, como o Brasil, para contribuir para o crescimento da indústria de pescado”.
Em sua 3ª edição, o Encontro Noruega-Brasil de Aquicultura comemora parcerias já firmadas entre empresas brasileiras e norueguesas. As brasileiras Ambar Amaral e Cristalina já experimentam essa troca de conhecimentos e inovação com a Biordal e a Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), respectivamente.
Plataforma de negócios – A rodada de negócios entre empresas norueguesas e brasileiras foi outro ponto alto do III Encontro Noruega-Brasil de Aquicultura. Várias empresas do país nórdico (Maritime Robotics, Norbit, RhyAkva AS, BluePlanet Academy, Maritech, MMC First Process AS e FIIZK AS) apresentaram suas soluções às empresas brasileiras de piscicultura. Os grupos nacionais Geneseas, Tilabras, IE Dashboard, OceanFarm e Agricotec também participaram das negociações, apresentando suas necessidades.
“Foi um encontro muito produtivo. Em três anos de parceria Brasil-Noruega em aquicultura está claro um crescente ajustamento entre as tecnologias oferecidas pelas empresas norueguesas e as necessidades das empresas brasileiras. Isso é positivo para ambos os lados. Nossa piscicultura ganha em tecnologia e proximidade com um país líder global, que tem muito a nos oferecer. Com isso, fortalecemos nossa produtividade e eficiência, potencializando a oferta de peixes de cultivo, como tilápia e nativos (tambaqui, pirarucu, pacu, tambatinga e outros)”, resumiu Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR.