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Governo de Goiás entrega escrituras e anuncia recursos para regularização

Com a experiência em comum de muitas dificuldades vivenciadas na luta pela moradia, 902 famílias do Residencial Real Conquista e Madre Germana II, na região Sudoeste de Goiânia, colocaram neste sábado (25/1) ponto final numa trajetória de incertezas com a conquista da escritura registrada de seus imóveis. “Meu sentimento hoje é de respeito. A coisa mais importante é ter um endereço, uma residência fixa, e provar com documento que ela é nossa. A escritura é mais uma confiança que a gente tem na casa”, contou entre lágrimas o agricultor aposentado José Ramos, 65 anos, acompanhado da esposa Celian da Conceição Ramos, 61 anos. Juntamente com outras 463 famílias do Real Conquista, o casal recebeu a escritura em solenidade comandada pelo governador Ronaldo Caiado, na Escola Municipal Renascer.

José Ramos e Celian moram há 12 anos no Real Conquista e sempre sonharam com a escritura. “Viemos da ocupação do Itaipu, onde vivemos quatro anos em barracas improvisadas, com todo tipo de dificuldade. Mas tivemos que enfrentar. Muito calor, falta de tudo. E se chovia, a gente ficava no relento”, relembrou Celian. Aos poucos, a família conseguiu ampliar a casa, que hoje tem cinco quartos e condições de abrigar os seus 11 moradores: “Moram com a gente um filho, sete netos e um sobrinho. Estamos muito felizes com a escritura”, acrescentou José Ramos.

Durante a entrega de escrituras, o governador Ronaldo Caiado reafirmou o compromisso com a regularização fundiária e anunciou que destinou R$ 3 milhões em 2020 para que a Agehab avance com o programa de legalização de bairros e escrituração dos imóveis implantados em áreas do Estado. “Uma família sem uma casa não tem estabilidade, não tem um porto seguro, não tem acolhimento”, disse o governador. O presidente da Agehab, Eurípedes do Carmo, destacou que a meta estabelecida pelo Governo de Goiás é de entregar até o final da gestão 14 mil escrituras.

Conquista de uma vida

A história de luta é a mesma da família da cabeleireira Floracy Maria da Silva Gomes, 47 anos. Com o marido Joaquim Elias, 60 anos, e dois filhos, viveu o medo no tempo da ocupação no Parque Oeste e depois todo tipo de dificuldade em um bairro em seu início, sem asfalto, escola e ônibus. “Ficamos sete meses no ginásio do Novo Horizonte, depois fomos para o acampamento do Grajaú. A gente passava muito medo. Mas graças a Deus, agora a história é outra. Custei a dormir ontem de tanta ansiedade para vir pegar minha escritura. Hoje temos endereço e escritura, que era o que faltava”, disse. Já Raquel Bueno Barbosa Ferreira, 42 anos, casada com o pedreiro Gildásio Ferreira, 48 anos, teve duas filhas, Emily e Letícia durante os anos que viveu no processo de ocupação até chegar à sua casa no Real Conquista, onde nasceu a filha caçula Heloísa. “Era uma vida de muito sofrimento, vivendo em barracas, com todo tipo de insegurança e medo. Hoje a vida é melhor. Com a escritura a casa fica valorizada e com o documento no meu nome posso falar de boca cheia que a casa é minha. Tudo valeu a pena”, comemorou.

Outras 126 famílias do Real Conquista assinaram as escrituras que a Agehab remeterá para registro em cartório. A aposentada Maria Nazaré Santos, 65 anos foi uma delas. Em união estável com Francisco Enoque da costa há 17 anos, ela viu com orgulho o seu nome e o do companheiro na escritura que assinaram. Também compartilhando da mesma trajetória de luta em barracas e com 12 anos de Real Conquista, o mais difícil agora, segundo ela, é “segurar a ansiedade” até a sua escritura ser registrada.

Madre Germana II

 Em outra solenidade também realizada na manhã deste sábado, quase que simultaneamente com a do Real Conquista, foram entregues pelo Governo de Goiás 438 escrituras e coletadas assinaturas em outras 300 no Madre Germana II, bairro que também surgiu de processo de ocupação há mais de 20 anos.

“É bom demais ter a escritura da casa da gente. É um dos dias mais alegres da minha vida. Estou rindo à toa”, contou Maria Diva da Silva, 82 anos, que chegou ao Madre Germana no início da ocupação, morou embaixo de lona de plástico por dois anos até construir um barracão que ampliou aos poucos e onde vive sozinha, mas com muita amizade e apoio dos vizinhos. “Sou enjoada com as minhas coisas. Minha casa é arrumadinha, com telha boa e madeira angelim. Agora com escritura”, relatou.

Zulmira Rogado da Silva, 78 anos, viúva com sete filhos, foi receber sua escritura acompanhada da filha Iraci Vieira Guimarães, 47 anos, que também recebeu o documento de sua casa. São duas gerações que conquistaram a escritura, morando uma do lado da outra. “A escritura é a tranquilidade que estava faltando. Minha mãe foi uma das primeiras moradoras. Fomos criados aqui no bairro. É uma realização de vida”, contou Iraci Vieira.

No Madre Germana II, acompanhado do presidente da Agehab, Eurípedes do Carmo, o governador Ronaldo Caiado visitou o canteiro de obras de construção de equipamentos comunitários no bairro, com investimento de R$ 15 milhões, recursos que já haviam sido devolvidos aos cofres da União e foram recuperados pela atual gestão: uma escola de ensino fundamental e um CMEI. A ordem de serviço foi assinada pelo governador em outubro último, durante sua primeira visita ao bairro. A previsão de entrega é para dezembro próximo.

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