Comunidade irá ajudar no plantio do pomar, que terá espécies selvagens, mais comumente encontradas somente nas matas do Cerrado. Iniciativa irá transformar antiga área de pastagem com ajuda das técnicas de agrofloresta no Parque Cultural Florata
Caju-do-cerrado, mama-cadela, cereja-do-cerrado, murici, cagaita, jatobá, pequi, mangaba, baru serão algumas das espécies mais selvagens de frutos do cerrado que serão plantadas no próximo sábado (10/11) para a recuperação de uma área de aproximadamente 8 mil metros quadrados no Parque Cultural Florata, localizado na GO 462, próximo à saída para Nova Veneza, que está em desenvolvimento e será aberto ao público futuramente.
O terreno receberá 45 mudas de 30 espécies que são pouco comerciais, contribuindo assim para propagar os sabores do bioma Cerrado entre os goianos. Elas serão plantadas com a técnica da agrofloresta, que faz uso da policultura, não usa defensivos agrícolas, adota a poda como método para acelerar o crescimento das espécies, entre outros princípios.
O plantio contará com a participação dos futuros moradores do entorno do parque, que habitarão o condomínio horizontal de chácaras que está sendo edificado no entorno. “Trata-se de uma ação educativa porque o objetivo é replicar o riqueza do nosso bioma e, ao mesmo tempo, a técnica de agrofloresta em seus lotes”, explica a diretora executiva da Biapó Urbanismo, Márcia Mesquita, responsável pelo Parque Cultural Florata.
O plantio será coordenado pelo biólogo e mestre em ecologia, Murilo Arantes. Ele explica que cada muda será plantada em pequenos círculos de 3 metros de diâmetro, denominados mandalas. Nas mandalas, haverão outras espécies de frutas, escolhidas para promover a biodiversidade, um dos princípios da agrofloresta.
Desenvolvido no Brasil desde os anos 1980, o método da agrofloresta pode ser replicado em pequenos espaços como sítios, chácaras e quintais. Ele gera a produção de alimentos junto com espécies arbóreas, maior nutrição e permeabilidade da terra, o crescimento mais rápido das espécies, sem o uso de defensivos agrícolas, entre outros benefícios.
Recuperação
O pomar do Cerrado irá contribuir também com a recuperação da área degradada onde está sendo implantado o parque cultural que, no passado, foi destinada à pastagem e sofreu com a compactação do solo e o esvaziamento das nascentes. Ao seu lado, já está implantada, há um ano, uma agrofloresta de 10 mil metros quadrados, que mistura espécies agrícolas com arbóreas e já produziu mais de quatro toneladas de alimentos. Graças a este plantio, uma nascente na propriedade, que estava seca, já está se recuperando.
Implementada pela Biapó Urbanismo, a meta é fazer um corredor ecológico entre a nascente e uma mata de 265 mil metros quadrados em uma área. Com a técnica de agrofloresta, além de dar velocidade ao processo, é possível colher alimentos. “A estrutura florestal deve estar formada a partir de três anos com esse sistema. No modelo convencional, isso ocorre em um período de 15 anos”, explica o biólogo e mestre em ecologia. A expectativa é que as espécies frutíferas produzam por até dez anos.
A agrofloresta foi desenvolvida pelo agricultor e pesquisador suíço Ernst Götsch, a partir do princípio da agricultura sintrópica. O biólogo Arantes afirma que a técnica repete os padrões da natureza ao envolver o consórcio de espécies arbóreas com as agricultáveis sem o uso de defensivos agrícolas. A variedade de cultivo pode ultrapassar 50 espécies, contemplando desde hortaliças, como alfaces, rúculas, beterrabas e couves, até árvores frutíferas, como jatobás, abacates e mangas.
Além da produção de alimentos com a recuperação e conservação do meio ambiente, outras vantagens da técnica de agrofloresta são: auxílio no controle da erosão dos solos; não poluição das águas e solo, uma vez que não são aplicados fertilizantes ou venenos; atração e preservação da fauna; aumento no ritmo de desenvolvimento das plantas proporcionado pela multiplicidade de culturas e recuperação de solos no longo prazo; alta produtividade de alimentos no longo prazo.
Serviço:
Assunto: Um pomar com sabor do Cerrado
Data: 10/10 (sábado)
Hora: 8 horas
Local: Parque Cultural Florata (Acesso pelo KM 12 da GO-462, ao lado da Embrapa Arroz e Feijão)