Sociedade

Escritor goiano consolida sucesso no mercado editorial e nas redes sociais

Com apenas 29 anos, Rafael Magalhães prepara terceiro livro;  goianiense já tem 1,5 milhão de seguidores em  plataformas como Instagram e Facebook

Foi de um computador instalado em um quarto na Vila Nova, um dos bairros mais antigos de Goiânia e que ainda conserva um estilo de vida interiorana, que surgiram as crônicas que têm atraído uma multidão de seguidores brasileiros nas redes sociais. Sim, o autor do instablog “Precisava Escrever” é goiano. Sim, Rafael Magalhães, um jovem de 29 anos, foi capaz de despertar a curiosidade de mais de 1 milhão e 200 mil pessoas no Instagram e pouco mais de 240 mil no Facebook, plataforma que aderiu há apenas poucos meses. E não, não foi com roupas de marca, óculos de sol ou qualquer outro item da moda. Foram com palavras, frases, “tiradas de humor” e sensibilidade, muita sensibilidade.

“Escrevo porque cansei de gritar. Escrevo porque cansei de me calar. Escrevo porque você me lê, me enxerga, me inspira e me entende. Escrevo porque acredito que a vida muitas vezes se repete e a minha experiência pode servir para você, seja como um alerta ou simplesmente para reviver um passado. Escrevo porque sei que somos humanos e que os meus medos e os meus sonhos se misturam aos seus. Porque acredito que minhas palavras tenham o poder de levar o abraço que você deseja ou a sacudida que você precisa”.

O trecho acima, retirado do blog de Rafael (www.precisavaescrever.com.br), é só uma amostra de como esse goianiense conseguiu vencer a crise no mercado editorial brasileiro, vender mais de 40 mil exemplares de forma independente (as crônicas que nasceram na internet já renderam dois livros) e chamar a atenção de leitores-internautas como Grazi Massafera, Wesley Safadão e os sertanejos Jorge e Matheus, além do autor de novelas Walcyr Carrasco e a atriz e apresentadora Fernanda Paes Leme. Mas engana-se quem pensa que o jovem escreve pensando nos “globais”. “Na verdade, quando começo qualquer crônica, minha estratégia é esquecer que tenho mais de 1 milhão de leitores. Escrevo como fazia no início, apenas para mim. Durante anos, eu era o único visitante do meu blog, não tinha mostrado para ninguém meu material”.

Mas tal qual um bom conto de ficção, a timidez do ex-professor de Educação Física e ex-diretor de escola municipal em Goiânia não foi suficiente para deixá-lo no anonimato. No casamento do irmão, em 2013, Rafael decidiu ler algo que havia escrito para os nubentes. Aí não teve jeito; a ordem veio do padre: “você tem o dom de escrever e precisa compartilhar isso com as pessoas”. O jovem criou coragem e deu a cara a tapa: os textos passaram a ser publicados no Instagram.

“Foi isso que descobri com o tempo: melhor do que escrever para si é colocar no papel ideias que têm o poder de emocionar, de tocar as pessoas, de fazê-las sorrir”, comenta o escritor goiano que se tornou o queridinho também de adolescentes e jovens. “Mais de 80% do meu público, nas redes sociais, é feminino. Nos dias de lançamentos de livros, esse índice é ainda maior, acho que uns 95%. E quando vai homem nesses eventos, na verdade, é a pedido de alguma mulher, namorada, filha, etc.”, diverte-se o rapaz.

INSPIRAÇÃO – O primeiro texto do “Precisava Escrever” nasceu de um momento delicado na vida de Rafael: o término de um namoro de quatro anos. As relações amorosas, junto com situações do cotidiano, são o carro-chefe das crônicas escritas por ele. Hoje, o jovem anda conectado ao celular e toda e qualquer ideia é digitada no bloco de notas do aparelho. Toda segunda-feira é dia de material inédito. “Depois que defino o tema, o processo é mais rápido. Eu sento de frente ao computador no final da tarde e começo a escrever. Quando termino, lancho alguma coisa e volto para revisar o texto; em uma hora está pronta a crônica”, detalha.

Rafael já prepara a terceira obra, que deverá ser lançada em março de 2017. Setenta por cento do livro está pronto – são textos que os leitores acompanharam no decorrer do último ano na internet. Os outros 30% são inéditos. “Sem querer lancei um modelo de vendas diferente, que tem dado certo. Quando o meu leitor compra os livros, por meio do blog, é porque ele gosta do conteúdo que acompanhou nas redes sociais. Ele não compra ‘no escuro’, como quando vai a uma livraria, por exemplo. O Instagram foi uma janela excelente para algo que se tornou meu modo de subsistência”.

Atualmente todo o envio dos livros vendidos é feito por Rafael e pelos pais, que cuidam pessoalmente dos pedidos no blog, empacotamento e entrega nos Correios. Os internautas têm acesso também a diferentes kits de presentes, principalmente no fim do ano, que incluem, além das obras, outros itens como quadros, pôsteres ou canecas.

Há pouco tempo Rafael decidiu dar contornos mais profissionais a todo este processo. Mas nada que interfira na, digamos, “qualidade artesanal” de tudo que é produzido. Em dezembro ele terá sua primeira loja física, na Capital. “Estou muito feliz com este projeto, que me permitirá estar ainda mais próximo dos meus leitores”, comemora Rafael, que também conta, na sua equipe, com colaboradores como um diretor comercial, Armando Elage; um produtor de vídeo, Saulo Brandão; e Newton Ramos Garcia, que ficará responsável pela área de “E-commerce”; além de Luana Bailão; que traduzirá o livro dele para a língua inglesa.

“Nunca imaginei que chegaria até aqui. Sempre gostei de ler quando adolescente, mas pensar que eu ganharia a vida escrevendo, nossa, não dava para imaginar. Até hoje estranho quando as pessoas me pedem autógrafo ou dizem ‘olhe o Rafa, ali’. Eu brinco que o ‘Precisava Escrever’ me deu a chance de mostrar para o mundo quem eu sempre fui em casa ou com meus amigos. Aquele cara, sabe, que gostava de ser o orador na turma, escrevia no canto do quadro negro uma piada ou frase de humor ácido, ou mandava cartinhas para as namoradas. Acho que só arrumei um jeito de mostrar isto para todo mundo”.

Crônicas mais lidas no blog Precisava Escrever:
• Vida de solteiro
• O que temos pra hoje é saudade
• Bagagem emocional
• A minha onda
• Foi sem querer querendo
• Eu queria ser amigo do Jorge
• Nosso ponto final

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