Sociedade

Em Abu Dhabi, empresários goianos assinam acordo que prevê indústria bélica em Anápolis

O empresário goiano Paulo Humberto Barbosa e a empresa Delfire Industria e Comércio de Extintores, com sede no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), firmaram ontem (06/10), em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, acordo com a Caracal International LLC, que tem como CEO o sheikh Hamad Salem Al Almeri, para a instalação de uma planta industrial dessa empresa no estado. A unidade é voltada para a produção de armamentos e munições exclusivas para forças de segurança pública do Brasil e com atenção voltada para o mercado da América Latina. A iniciativa tem o apoio do governo de Goiás, que foi representado na cerimônia de assinatura de memorando de entendimento entre as duas empresas pelo secretário de Desenvolvimento Econômico (SED), Luiz Maronezi, e pelo superintendente de Ações e Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), delegado federal Emmanuel Henrique. A previsão é de que sejam gerados com a consolidação do projeto cerca de 1.250 empregos diretos e indiretos.

Inicialmente estava prevista participação do vice-governador José Eliton na assinatura do acordo, mas ele não pôde viajar aos Emirados Árabes Unidos em face do atentado que sofreu no dia 28 de setembro, em Itumbiara. O pioneirismo de uma indústria bélica em Goiás é sonho antigo do empresário goiano Paulo Humberto Barbosa, que há dois anos tomou a iniciativa dos primeiros contatos. Neste período, buscou parcerias, até manter contato direto com o chefe de Operações da empresa, ao germânico Robert Rich. O acordo fechado diretamente com o príncipe Hamad Salem Al Almeri é ponto auge dessa trajetória.

De acordo com o memorando de entendimento, as três partes se comprometem a trabalhar no sentido de viabilizar a instalação de uma indústria da Caracal no Brasil, buscando a aprovação inicial do governo para a fabricação de armamentos. Se comprometem, também, a construir um plano de viabilidade para o empreendimento. Devem, ainda, elaborar um projeto para o início das atividades da indústria, primeiramente para montagem de peças e avançando para a fabricação de armas. Assinaram o memorando o sheikh Hamad Salem Al Almeri, presidente da Caracal International pelos empresários Paulo Humberto Barbosa e Augusto de Jesus Delgado, CEO da empresa Delfire Industria e Comércio de Extintores. Representando o Governo de Goiás, Luis Maronezzi (SED) e Emmanuel Henrique (SSPAP). A previsão é de que sejam gerados com a consolidação da iniciativa cerca de 1.250 empregos diretos e indiretos.

A partir desse compromisso, serão providenciados os documentos, contratos e licenças para regulamentar o acordo nos próximos meses, com a vinda dos dirigentes da Caracal a Goiás. Para o empresário Paulo Humberto, a vinda da maior fabricante de armas de calibres especiais dos Emirados Árabes para o Brasil, particularmente para Goiás, representa uma inovação para o estado. A planta, segundo o empresário, é a que detém a maior tecnologia para armas de ponta em todo o mundo.

Conforme destacou, ainda, o empresário Paulo Humberto Barbosa, abrindo as portas do mercado brasileiro, além de gerar empregos, a fábrica da Caracal em Goiás significa oportunidade de levar todo o complexo bélico dos Emirados Árabes para o Brasil. “Isso vai envolver outras linhas de montagem do grupo, que inclui a produção de veículos blindados para as forças policiais, drones e munição”, acentuou.

Para o empresário Augusto de Jesus Delgado Júnior, a assinatura do memorando de intenções com a Caracal, indústria bélica de ponta, que emprega alta tecnologia na fabricação de armas, representa uma quebra de paradigmas, por ser a primeira indústria bélica a ser instalada no país. Segundo ele, assim como o governador Marconi Perillo, iniciou em 2004 as negociações para a instalação da indústria automotiva no estado, este é um segundo passo na quebra de paradigmas. Conforme acentua, a Caracal Brasil foi planejada para entrar em funcionamento em aproximadamente 12 meses, a partir deste acordo.

Os estudos preliminares para a instalação de uma planta da Caracal no estado de Goiás adiantam que a unidade deve ser sediada no município de Anápolis, onde se localiza a maior plataforma logística e de infraestrutura voltada ao transporte e exportação da região Centro-Oeste do país. “Viemos aqui exatamente discutir detalhes desse empreendimento, se inicialmente importaríamos os produtos acabados ou se já faríamos a importação em sistema CKD (Complete Knock-Down) para montarmos as armas no Brasil”, destaca Augusto Delgado.

Atualmente, a Caracal tem como chefe de Operações o engenheiro mundial de armas, Robert Rich, que desenvolveu produtos bélicos para as alemãs Heckler & Koch GmbH (H & K) e SIG Sauer GmbH & Co.KG, entre outras. “Ele é um gênio do desenvolvimento de armamentos e não há hoje nenhuma tecnologia, sustentabilidade e resistência igual à oferecida pela Caracal”, afirma Paulo Humberto. A indústria produz uma linha de armas especiais que inclui fuzis, snipers, pistolas, metralhadoras semiautomáticas, carabinas automáticas, entre outros. Produz também munição e acessórios para armas.

Potencialidades
Na visita às fábricas da Caracal, o superintendente Executivo de Desenvolvimento Econômico (SED), Luis Maronezzi, apresentou aos dirigentes as potencialidades do estado de Goiás, assim como a logística e a infraestrutura e os incentivos do governo estadual para os investidores nacionais e internacionais. Durante a exposição, destacou a localização estratégica do estado de Goiás e, em especial, da cidade de Anápolis, que fica entre Goiânia e Brasília (Distrito Federal), respectivamente as capitais do estado e do país, e a plataforma logística multimodal de transporte que facilita a inserção dos produtos no mercado mundial.

A iniciativa pioneira de atuação conjunta das forças de segurança dos vários estados do Brasil Central para o combate ao crime organizado foi apresentada ao príncipe Al Almeri pelo superintendente de Ações Integradas da SSPAP e secretário executivo do Pacto Interestadual de Segurança Integrada, Emmanuel Henrique. O Pacto, que é presidido pelo vice-governador José Eliton, destina-se a combater a atuação de grupos organizados para crimes como o tráfico de drogas e de armas, os roubos de veículos e de cargas e os assaltos a instituições financeiras com uso de armamento pesado e explosivos. A cooperação técnica para a segurança integrada já conta com a adesão de 11 estados brasileiros e mais o apoio do Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).

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