O desenvolvimento de competências socioemocionais tem um significativo impacto social. Uma pesquisa recente demonstrou que crianças que trabalham essas habilidades têm 35% menos chance de ser presas, e quando essa formação é feita na primeira infância, estas adquirem mais possibilidade de ganhar R$ 3 mil como salário.
Além disso, estudos também têm deixado clara a relação entre desenvolvimento de habilidades socioemocionais e resultados pedagógicos. Este assunto foi apresentado em detalhes pelo diretor do Instituto Ayrton Senna (IAS), Mozart Neves Ramos, na noite desta terça-feira (13), no I Seminário de Educação Integral em Tempo Integral. “Quando você tem alunos com essas habilidades potencializadas, no seu desenvolvimento, na sua personalidade, os resultados destes alunos são muito melhores do que os alunos que não tiveram essas habilidades desenvolvidas”, destacou Ramos.
Mais de 600 profissionais da rede estadual de ensino, ligados às escolas de tempo integral em todo o Estado, participam do seminário, realizado pela Seduce, por meio da Superintendência de Ensino Fundamental, que é coordenada pela professora Márcia Antunes, com o apoio do Instituto Ayrton Senna e colaboração dos Institutos Natura e Inspirare. O Evento se encerra nesta quarta-feira (14/9).
O objetivo geral é fomentar essa consciência e preparar as equipes pedagógicas para lidar com “os desafios do século XXI”. “E é isso que a professora Raquel tem feito com sua equipe, empurrando a fronteira educacional, melhorando o desenvolvimento das habilidades e melhorando o clima escolar. Tenho certeza que esse evento visa dar um mais salto na educação do Estado”, elogiou Ramos.
A formação dos professores para lidar com as demandas do século XXI é uma das bandeiras da Seduce, que tem trabalhado o assunto em outras capacitações. Especialistas em educação têm deixado claro que trabalhar as habilidades socioemocionais não exige uma distinção de conteúdo, mas uma integração entre as disciplinas tradicionais e os conceitos do desenvolvimento pleno dos alunos.
”O desenvolvimento dessas habilidades, como a criatividade, o pensamento crítico, o trabalho colaborativo, a confiança, a autoestima, tudo isso ajuda para que o aluno se sinta muito mais realizado e sem aquela preocupação, que ainda, lamentavelmente, existe nas escolas de hoje. Você não inova se você não se sentir livre para errar”, acrescenta o diretor do IAS.
Avaliação
O segundo dia do 1° Seminário de Educação Integral em Tempo Integral também foi reservado para a discussão dos temas “Integração do Currículo em Escolas de Educação Integral em Tempo Integral” e “Educação Integral e Avaliação Formativa: Estratégias para que Ambas se Desenvolvam Juntas”, com a participação dos especialistas Paulo Emílio Castro Andrade e Kátia Stocco Smole, ambos da equipe do Instituto Ayrton Senna (IAS).
Formada em Matemática pela Universidade de São Paulo (USP), com doutorado em Educação Matemática, Kátia Smole, que há cinco anos atua na área de educação integral pelo Instituto Ayrton Senna, destacou em sua palestra que, do ponto de vista do desenvolvimento integral do aluno, a avaliação é o elemento central para se estimular determinados aspectos do protagonismo, da autogestão e do autoconhecimento dos alunos.
Na opinião da professora, a ampliação das escolas de tempo integral é uma tendência que vai ganhar cada vez mais força no país, especialmente no Ensino Médio, dentro da proposta de reformulação que está sendo executada pelo Ministério da Educação (MEC). Mas ela alerta que o importante não é só aumentar o número de escolas com tempo maior de permanência do aluno, mas ampliar o número de escolas que compreendam, de fato, os princípios da educação integral.
Currículo
Na abordagem do tema “Integração de Currículo em Escolas de Educação Integral em Tempo Integral”, Paulo Emílio frisou que, no contexto de uma escola de tempo integral, a equipe, como um todo, precisa se mostrar alinhada sobre os princípios norteadores desse modelo de ensino. “Quando você tem uma rede de ensino, você está abraçando uma série de causas, princípios e intenções em relação à formação do aluno. Se cada um trabalha de uma forma que não dialoga com esses princípios e interesses, não se chega a lugar nenhum. Quando se pensa numa rede é importante existir esse compartilhamento e é necessário compreender as formas de se chegar ao resultado esperado”.
Na opinião de Paulo, o seminário promovido pela Seduce contribui para enriquecer o repertório dos profissionais envolvidos com a educação integral de tempo integral. “São pessoas que já possuem conhecimento das práticas pedagógicas dentro de uma escola desse modelo. Goiás não está começando agora, já tem boas experiências práticas e agora trabalha com o objetivo de contribuir para que novas possibilidades sejam incorporadas no cotidiano das instituições de ensino. Quanto mais se compartilha dos princípios, conceitos, interesses e objetivos, mais a rede se fortalece e melhor resultado consegue construir junto aos alunos”.