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Denúncias de crimes de discurso de ódio e de imagens de abuso sexual infantil na internet têm crescimento em 2022

Xenofobia foi o crime que mais cresceu (874%); denúncias de “pornografia infantil” passaram de 100 mil pelo segundo ano seguido

As denúncias de crimes envolvendo discurso de ódio na internet recebidas pela Central Nacional de Denúncias da Safernet tiveram em 2022 um crescimento de 67,7% em relação a 2021. Os crimes de ódio que tiveram o maior aumento de denúncias em 2022 foram a xenofobia, aumento de 874%, seguido de intolerância religiosa (456%) e misoginia (251%).

2022 foi o terceiro ano eleitoral consecutivo em que os crimes de discurso de ódio apresentaram crescimento em relação ao ano anterior. Essa tendência vem sendo observada pela Safernet desde 2018.

Já as denúncias relacionadas ao armazenamento, divulgação e produção de imagens de abuso e exploração sexual infantil ultrapassaram pelo segundo ano consecutivo a casa de 100 mil denúncias, o que não ocorria desde 2011. Foram 111.929 denúncias de “pornografia infantil*” em 2022, contra 101.833 em 2021, um aumento de 9,9%.

A Central Nacional de Denúncias surgiu em 2006 e foi criada justamente pela Safernet para ajudar a população a denunciar crimes envolvendo abuso e exploração sexual infantil na internet. Em 2022, a Safernet foi a primeira organização brasileira a vencer um edital e a receber recursos do fundo internacional End Violence Against Children (Fim da Violência Contra as Crianças) para implementar e aplicar o projeto D.I.S.C.O.V.E.R, para o desenvolvimento de tecnologias de prevenção e combate ao abuso sexual infantil online.

“O combate à difusão de imagens de abuso e exploração sexual infantil é um eterno enxugar de gelo. Essa luta exige o desenvolvimento de inteligência que impeça que o abuso ocorra e que caia a produção desse tipo de imagens. Um dos maiores focos do D.I.S.C.O.V.E.R. é justamente a prevenção”, afirma Thiago Tavares, diretor-presidente da Safernet.

A Central Nacional de Denúncias recebe denúncias de 10 crimes. Além de 7 crimes de discurso de ódio e aqueles envolvendo imagens de abuso e exploração sexual infantil, a Safernet recebe denúncias de maus tratos contra animais e tráfico de pessoas na internet. Neste bloco, destacou-se o aumento de 266% de denúncias relacionadas ao tráfico de pessoas na web. Em 2022 foram 1194 denúncias desse crime contra 326 em 2021.

Dos 10 crimes denunciados à Safernet, o único que não apresentou crescimento em 2022 foi o neonazismo. Em 2022 houve uma queda de 81,6% no número de denúncias em relação a 2021.

“Essa redução significa que boa parte da atividade das células neonazistas no Brasil migrou da web aberta para ambientes mais fechados, como aplicativos de troca de mensagens e fóruns na deep web”, explica Thiago Tavares, diretor-presidente da Safernet.

Veja a tabela completa de dados da Central Nacional de Denúncias aqui:

https://docs.google.com/spreadsheets/d/1QVeMKdRAgyHLvOCkKWwPWjij9_JRmEgxkRN13mHtUd4/edit?usp=sharing

Canal de Ajuda teve aumento de pedidos de ajuda relacionados à imagens de abuso sexual

O Helpline, Canal de Ajuda da Safernet, registrou uma estabilidade nos 5 tópicos que mais fizeram usuários da internet buscar a orientação da ONG.

Problemas com dados pessoais ficou em primeiro lugar, com 264 atendimentos, seguido de perto de exposição de imagens íntimas (255). Em terceiro, fraudes e golpes (168). Completam a lista cyberbullying (139) e saúde mental nas redes (122).

Chamou a atenção em 2022 o número de pessoas pedindo orientação sobre como proceder em relação a imagens de abuso e exploração sexual infantil.

Foram 102 atendimentos dessa natureza em 2022, contra 59 em 2021, um crescimento de 72,8%. A maioria das pessoas pedindo orientação havia recebido imagens de crianças e pré-adolescentes em poses sexualizadas, divulgadas por influencers com o intuito de denunciar a conduta, o que não é recomendável.

“O intuito pode ser nobre, mas todas as cartilhas sobre como agir quando se deparar com uma imagem de abuso sexual infantil indicam que esse conteúdo jamais deve ser compartilhado. O link da postagem deve ser salvo e o conteúdo denunciado, mas compartilhar, jamais, isso expõe e revitimiza as vítimas deste tipo de crime”, explica Juliana Cunha, diretora de projetos especiais da Safernet.

* Seguindo orientação da End Violence Against Children (ONU), a Safernet não utiliza mais “pornografia infantil”. Saiba os motivos: https://new.safernet.org.br/content/denuncias-de-imagens-de-abuso-sexual-contra-criancas-e-adolescentes-aumentam-9-em-2022

Safernet Brasil
Assessoria de Imprensa

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