Diretores e professores da rede pública estadual lotaram uma sala do Cinema Lumière do Shopping Bougainville na noite de segunda-feira, 12/2, para uma sessão especial. Sucesso de bilheteria, o emocionante “Extraordinário” foi exibido aos profissionais de Educação com o propósito de discutir a importância do desenvolvimento das habilidades socioemocionais. O evento teve a participação da secretária de Educação, Cultura e Esporte, Raquel Teixeira, e do economista Daniel Santos, integrante do EduLab21.
Extraordinário relata, com sensibilidade e um leve toque de humor, a história real de Auggie Pullman. Nascido com uma malformação congênita, que deformou seu rosto, ele passa por uma série de situações ao iniciar a vida escolar. O longa-metragem também retrata a vida de pessoas que cercam Auggie, como seus pais, irmã e colegas da escola. Portanto, levanta reflexões acerca dos desafios de vida encarados tanto pelo garoto, quanto por outros personagens.
A secretária Raquel Teixeira disse que assistiu ao filme na companhia de suas netas. Na ocasião, percebeu a importante discussão que Extraordinário levanta e decidiu trazer o assunto para o contexto escolar. “Nosso grande desafio na Educação é entender como podemos atuar de forma intencional para ajudar nossos jovens a desenvolver seu potencial humano. Isso é uma espécie de alfabetização socioemocional”, disse, ao agradecer a participação dos educadores.
Debate
Quando o filme terminou, a sala de cinema deu espaço ao diálogo. Membro do comitê científico do EduLab 21, do Instituto Ayrton Senna, e professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Santos perguntou à plateia se “a vida de Auggie era regra ou exceção”. Ele se referia às dificuldades enfrentadas pelo garoto, a maioria relacionada a questões emocionais.
Mediadora de inclusão em Inhumas, a professora Divina participou dizendo que o maior desafio, no seu contexto de trabalho, é “conseguir estimular a superação dos alunos diante do preconceito”. Outros professores, coordenadores pedagógicos e diretores também prestaram depoimentos para relatar experiências próprias de vida ou da escola onde trabalham. Assuntos como bullying, discriminação racial e desigualdade social nortearam o diálogo.
Entre um depoimento e outro, Daniel disse que um dos fatores mais importantes das competências socioemocionais diz respeito ao percurso. “Educação é algo que a gente constrói. Assistindo ao filme, muito de nós perceberam que nem todas as crianças têm final feliz”, explicou. “Uma das grandes mensagens é que, para nós, o sucesso é progredir e avançar. É preciso começar a prestar atenção ao que ocorre durante o processo”, completou o economista.
Parceria
Desde o ano passado o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), firmou parceria com o Instituto Ayrton Senna para trabalhar o desenvolvimento das habilidades socioemocionais no contexto escolar. O objetivo é estimular a formação integral do aluno, ou seja, trabalhar um conjunto de elementos que vão além das habilidades cognitivas. O projeto-piloto contou a participação de 15 escolas e o objetivo, este ano, é ampliar a iniciativa para outras 300 unidades de ensino.
Segundo a titular da Seduce, o assunto merece a atenção e deve ser discutido por todos os gestores e professores. “A Educação precisa ser cuidada, sentida. O que queremos é que nossos alunos sejam felizes, desenvolvendo seu potencial pleno para serem bem sucedidos na vida social, afetiva, na inserção no mercado de trabalho ou qualquer outra área que seja. Que vocês levem esse assunto e se tornem multiplicadores da discussão nas escolas”, concluiu.
Devido ao sucesso do evento, que precisou até de assentos improvisados para acomodar todos os participantes, Raquel Teixeira sinalizou que deve promover outras sessões de exibição de Extraordinário, seguida pelo debate sobre o conteúdo do filme e a aplicação na realidade escolar. O longa-metragem é uma das atrações da 11ª mostra O Amor, a Morte e as Paixões.