Política

Ações do Governo e da Votorantim tentam amenizar demissões

O governador Marconi Perillo definiu ontem, no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia, um pacote de medidas que visa amenizar os efeitos negativos da suspensão da extração de níquel pelo Grupo Votorantim Metais em Niquelândia, no Norte Goiano. O Estado dará, a partir de agora, prioridade à execução de obras públicas na região e vai liderar um programa de requalificação de mão de obra e de gestão empresarial, a fim de capacitar os trabalhadores desligados pela mineradora.

Durante reunião de mais de uma hora e meia, representantes do grupo garantiram ao governador que serão mantidos pelo menos 150 dos 900 trabalhadores empregados hoje diretamente pela empresa, para realizar a manutenção da planta da indústria; cerca de 200 funcionários desligados poderão ser encaminhados para outras operações do grupo, como a fábrica de cimento recém-inaugurada em Edealina; e que os programas sociais desenvolvidos pela indústria na área de saúde e educação serão mantidos.

O presidente da Votorantim Metais, Tito Martins, explicou que a suspensão ocorre em razão de “fatores econômicos ligados ao mercado, à revelia da vontade da empresa”. Segundo ele, “a queda do preço da commodity no mercado internacional é a principal razão para termos tomado esta decisão. O custo da produção hoje é de 9,5 mil dólares por tonelada. A venda sai por 8,5 mil dólares por tonelada. Para uma atividade sustentável, só haveria equilíbrio se pudesse ser vendida a 12 mil dólares a tonelada. Mais de 80% do mercado de níquel do mundo está debaixo d’água hoje por conta dessa queda”.

Ele destacou que, caso o mercado retome o seu ritmo, a empresa deve voltar a operar em Niquelândia. “Estamos deixando cerca de 15% dos funcionários na manutenção da nossa planta de maneira que, recuperando os preços, voltamos imediatamente a operar. Não queremos perder o nosso know-how construído durante anos”, afirmou. De acordo com o calendário divulgado pela Votorantim, as atividades da mina em Niquelândia serão interrompidas a partir do dia 1° de fevereiro. Em maio serão suspensas as atividades produtivas (beneficiamento).

O secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Vilmar Rocha, disse que esteve na semana passada em São Paulo (SP), fazendo uma reunião preparatória da ocorrida hoje. “Ficamos muito preocupados e fomos saber a causa. Eles disseram ser irreversível a suspensão da atividade no momento, mesmo com a oferta de vantagens fiscais e tributárias. Estamos agora tentando diminuir os efeitos dessa decisão do grupo. Frisamos que esta suspensão é temporária. A qualquer momento podem voltar, já que o mercado internacional é volátil”, ressaltou.

Vilmar disse que a atuação do Estado, para qualificar a mão de obra dos trabalhadores desligados, será realizada por meio de um grupo formado por Banco do Povo, GoiasFomento, Sebrae, Faeg e Fieg. “Os trabalhadores a serem desligados terão recursos em mãos da rescisão trabalhista. Vamos orientar e qualificar esses trabalhadores para que realizem investimentos e, com isso, continuem inseridos no mercado de trabalho. O agronegócio é uma das alternativas mais viáveis. Estamos criando um conjunto de iniciativas para mitigar os efeitos dessa decisão”, disse, acrescentando que com os recursos da rescisão e do Banco do Povo e assessoria do Sebrae muitos dos trabalhadores afastados poderão empreender negócios próprios, amenizando ou até mesmo superando os efeitos ruins do mercado de trabalho.

O prefeito de Niquelândia, Luiz Teixeira, destacou que esse pacote de medidas ameniza as preocupações da administração municipal. “Essa reunião nos deixa mais tranquilos. Ações concretas vão ser tomadas de forma conjunta pelo governo do Estado, empresa e prefeitura. Ficamos seguros, pois, em qualquer momento, com uma melhora do preço do níquel, a empresa volta a operar. Agradecemos ao governador”, afirmou. Segundo ele, a cidade deve ter uma queda de arrecadação de mais de 50%, com a redução do recolhimento de Cefem e ISSQN.

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